sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

ÁFRICA AFRICANA


Em Maio de 1975, Almeida Santos, Ministro português da Coordenação Interterritorial
afirmou ao pisar terra cabo-verdiana: “aqui respira-se Portugal”. Escrevi este poema em 10/6/1975


O Corvo poisou no barro seco
e a terra sorriu rasgada e funda.
É África africana, lábio grávido do oceano.

Meu país é longe
como a estrela do norte…

As árvores vergam-se, beijam o chão,
deixaram de suportar o vento
e o mar não pode valer a esta seca.

África tem sol no peito,
tem coração de boi: é forte
e o sangue corre nos braços lânguidos dos seu filhos.

A brisa fresca ao fim da tarde
é licor que adormece esta África
enorme e africana
e eu digo baixinho:
meu país é longe
como a estrela do norte…

Praia, 10/6/1975