sábado, 10 de maio de 2014

SOLIDÃO


Procurei durante algum tempo uma imagem para a solidão.
Reli cartas de amores não correspondidos,
meninos pedindo esmola, trilhos antigos nunca mais pisados,
frutos apodrecidos e por colher, folhas amarelecidas
e, de repente, dei comigo numa rua miserável,
provavelmente consumida por uma guerra recente,
onde caminhava , de olhar vago,
em busca de um nada que pudesse ser alguma coisa,
um homem, e aos seus ombros um cão, de olhar igual
e de demanda afim. Pensei: esta é a imagem que procuro!
Errei em toda a linha. A solidão existia apenas em mim…
Eles estavam ambos em boa companhia.