quinta-feira, 28 de maio de 2015

OS NORTE AMERICANOS II



(Rhapsody para George Gershwin)

Al Capone era um tipo simpático
(tendo mesmo em conta a cicatriz)
se comparado com McCarthy
e tu, George, deste-lhes música sem o saberes.
Hoje, os americanos dizem que são águas passadas.
Na Europa, dizem o mesmo sobre a inquisição.
É gente que se satisfaz com o que tem
e tem mais do que necessita para se satisfazer.

Deus morreu em 1929 e foi crucificado
em Wall Street. De então para cá,
os norte-americanos mitigam a fé com anjos órfãos
e fazem milagres no cinema.
(Oh George, volta a compor Rhapsody In Blue
e reabilita todos os pretos da América!)

E, já agora, embarguem o Canadá,
eles parecem sorrir de felicidade
quando vos espreitam lá de cima,
como ursos polares em jeito de provocação
e deixem Cuba viver em paz.
Metam-se com gente do vosso tamanho!

Ah, e deixem, duma vez por todas,
de me fazer crer que o jazz é uma prostituta bêbeda
a banhos no Mississipi.