domingo, 9 de agosto de 2015

PRESO DE AMOR


Um corpo ou a própria sombra, o teu,
morno – que o descubra assim – por devoção
e me dissolva nele como se fosse eu,
tiquetaqueando em ambos o mesmo coração.

Que amor há, não sendo a emoção
de seres tu e, além de tudo o mais, se eu,
por ser em mim que explode tal paixão,
me divido, ao mesmo tempo, em juiz e réu.

Em causa própria, mal-grado sentimento,
castigo e sofro o amor que me condena,
recuso e me contradigo, dando assentimento

e, contrariado, acabo por aceitar a pena
de amor perpétuo em completo isolamento,
evadido de mim, fingindo a liberdade plena. .