quarta-feira, 16 de setembro de 2015

RELENTO



Ao entardecer o mar é imenso e calmo. Dorme.
escurece o xisto das falésias e a noite
faz-se acompanhar de estrelas refulgentes.
O Sol partiu; mergulhou exausto no oceano.
Descansa agora. Na praia há silhuetas de gaivotas,
que tresandam a peixe. Porém, vistas ao longe,
mantêm o alvo encanto como se voassem.
Dizem-me que na minha voz se ouve o mar
e ele murmura lá ao fundo como quem fala…


As nuvens vermelhas acabam de sucumbir. Iradas.
Sobrevem o sono e o sonho. Todas as fantasias.
Um olhar de não ver, não vislumbra os batéis
que a esta hora demandam o peixe de amanhã.
Ancorados nos pesqueiros conhecidos,
pescam o pão nosso ao relento de cada noite.
Quando o farol faz a sua aparição,
aquieta-se o vento, digo, nos nossos sentidos. É o tempo da maresia
e da espuma das ondas (um traço branco) que a lua denuncia.
O pano escuro que a noite tece a todos enfeitiça,
a todos mente e nós gostamos que nos minta.