quinta-feira, 5 de novembro de 2015

LEMBRETE


Não me faço de credos, súplicas ou preces,
de penas, plumas, sombras, atalhos, escoras;
faço-me de tijolo como a casa onde moras,
e as demais coisas simples que conheces.
Ou talvez não! Se a vida te acontece felizarda,
com elmos, filtros, senhas de desembaraço.
Como te digo, não é disso que me fiz ou faço:
faço caminho e caminhando me protejo:
não peço nem quero um beijo por um beijo,
não dou nem aceito um abraço por abraço.

Já neguei o que depois me fez chorar!
Enganos todos temos, incertezas quanto baste,
às vezes sombras, nuvens e medos, por arrasto,
mas jamais cruzar os braços e esperar.
Das cores distingo as que quero, excepto pardas,
fluorescentes e néones de delicado traço…
tampouco confundo um aeroporto com um terraço.
Se o tempo urge corro, dou aos braços e adejo,
mas não peço nem quero um beijo  por um beijo,
não dou nem aceito um abraço por abraço.