sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

POEMA DO MEU NATAL


Não se sabia quantos sóis haveriam de nascer
ainda e quantas luas novas e quartos crescentes
e luas cheias e outra vez quartos, mas minguantes,
e já eu dava sinais de desassossego, às voltas
de outra coisa redonda, que era o ventre da minha mãe.
Depois nasci e, sem me conhecer (nem eu a ela)
fui assistido sujo e nu por uma parteira velha
e experiente, porém simpática, foi o que me disseram.
Bastou tirar os cinco quilos de mim daquela aflição
para acreditar sem esforço nas suas qualidades.
Nunca sobre isto se escreveram estórias transcendentes,
comemoro normalmente os meus aniversários,
embora preferisse manter-me sem eles, os anos,
que, todos juntos, me vão dando algum trabalho.
A conta já pesa e não estou arrependido de nada.